Dia 21 de março Dia Internacional da Síndrome de Down
Foi proposto pela Down Syndrome International como o dia 21 de Março, porque esta data se escreve como 21/3 (ou 3-21), o que faz alusão à trissomia do 21. A primeira comemoração da data foi em 2006. (Wikipédia)
Encontrei esse texto bem legal que é um Folheto
produzido por Sandy Alton, da Down´s Syndrome Association, e distribuído pelo
Ministério da Educação britânico
Tradução
Patricia Almeida
Versão
original em inglês no seguinte link:
http://www.downs-syndrome.org.uk/pdfs/DSA%20A4%2012pp%20Primary.pdf
Espero que tirem bom proveito pois esclarece e expõe dicas bacanas.
Incluindo
Alunos com Síndrome de Down no Ensino Fundamental
OBJETIVO
DESTE FOLHETO:
Muito mais crianças com Síndrome de Down têm entrado em escolas da rede
regular de ensino. Este é o resultado de muitos fatores. Pressão dos pais com o
apoio de organizações voluntárias encorajaram desde 1981 a secretaria de
educação a integrar alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas
comuns se os pais assim o desejassem. Mais recentemente, um documento de 1997
propôs que alunos com necessidades educacionais especiais deveriam estar em
escolas comuns.
Inevitavelmente, muitos professores vão achar a idéia de incluir alunos
com SD em suas classes preocupante e vão ficar apreensivos a princípio. Porém,
a experiência demonstra que a maioria dos professores têm as ferramentas
necessárias para entender as necessidades específicas destas crianças e são
capazes de ensiná-los efetivamente e com sensibilidade.
Este folheto traz informações sobre o perfil de aprendizado típico de
uma criança com Síndrome de Down e boas práticas para sua educação, desta
forma, pavimentando o caminho para uma inclusão bem-sucedida.
POR QUE
INCLUSÃO ?
Há muitas razões por que uma criança com Síndrome de Down deve ter a
oportunidade de frequentar uma escola comum. Cada vez mais pesquisas tem sido
publicadas e o conhecimento sobre as capacidades de crianças com Síndrome de
Down e o potencial de serem incluídos com sucesso tem aumentado. Ao mesmo
tempo, os pais têm se informado mais sobre os benefícios da inclusão. Além
disso, a inclusão é não discriminatória e traz tanto benefícios acadêmicos
quanto sociais.
Acadêmicos
- Pesquisas mostram que as crianças se desenvolvem melhor academicamente
quando trabalham num ambiente inclusivo
Social
- Oportunidades diárias de se misturar com seus parceiros com
desenvolvimento típico proporcionam modelos para comportamento de acordo com a
faixa etária
- As crianças têm oportunidade de desenvolver relações com crianças de
sua própria comunidade
- Ir à escola comum é um passo chave em direção à inclusão na vida
comunitária e na sociedade como um todo.
A inclusão bem-sucedida é um passo importante para que crianças com
necessidades educacionais especiais se tornem membros plenos e contributivos da
comunidade, e a sociedade como um todo se beneficia disso. Os colegas com
desenvolvimento típico ganham conhecimento sobre deficiência, tolerância
e aprendem como defender e apoiar outras crianças com necessidades
educacionais especiais. Como escreve David Blunkett “ quando todas as crianaças
saõ incluídas como parceiros iguais na comunicade escolar, os benefícios são
sentidos por todos”.
ATITUDE
POSITIVA
Mas a inclusão bem-sucedida não acontece automaticamente. A experiência
mostra que um dos ingredientes mais importantes na implementação bem-sucedida
de um aluno com necessidade de aprendizagem específia é simplesmente a vontade
de que ela ocorra. A atitude da escola como um todo é, portanto, um fator
significativo. Uma atitude positiva resolve problemas por si só. As escolas
precisam de uma política clara e sensível sobre inclusão de sua direção e
coordenação, que devem ser comprometidas com esta política e apoiar seus
funcionários, ajudando-os a desenvolver novas soluções em suas salas de
aula.
ALGUMAS
INFORMAÇÕES SOBRE A SÍNDROME DE DOWN
- A Síndrome de Down é a deficiência intelectual mais frequente,
acontecendo em 1 a
cada nascimentos por ano no Brasil.
- Ela é ocasionada pela presença de um cromossomo a mais. Ao invés dos
46 usuais, uma pessoa com Síndrome de Down tem 47.
- Toda criança com Síndrome de Down terá algum grau de dificuldade para
aprender, de leve a severo.
- Embora a Síndrome de Down tenha causas genéticas, fatores ambientais
têm importância fundamental no desenvolvimento e progresso assim como acontece
com crianças sem a síndrome.
- Em geral, crianças com SD se desenvolvem mais devagar do que as
crianças de sua faixa etária, alcançando as etapas do desenvolvimento mais
tarde e ficando nelas por mais tempo. A diferença no desenvolvimento entre
crianças com Síndrome de Down e as sem a síndrome aumenta com a idade.
UM PERFIL DE
APRENDIZADO ESPECÍFICO, NÃO APENAS ATRASO NO DESENVOLVIMENTO
As crianças com Síndrome de Down não apenas levam mais tempo para se
desenvolver e portanto precisam de um currículo mais diluído. Elas têm, em
geral, um perfil de aprendizagem específico com pontos fortes e fracos
característicos. Saber dos fatores que facilitam e inibem o aprendizado permite
aos professores planejar e levar adiante atividades relevantes e significativas
e programas de trabalho. O perfil de aprendizado característico e estilos de
aprendizado de uma criança com Síndrome de Down , junto com suas necessidades
individuais e variações do perfil devem, portanto, ser considerados.
Os seguintes fatores são comuns a várias crianças com Síndrome de Down.
Alguns têm implicações físicas, outras têm comprometimentos cognitivos. Muitas
têm ambos.
FATORES QUE FACILITAM O APRENDIZADO
- Forte reconhecimento visual e habilidade visual de aprendizado,
incluindo:
- Habilidade de aprender e usar sinais, gestos e apoio visual
- Habilidade para aprender e usar a palavra escrita
- Imitação de comportamento e atitudes dos colegas e adultos
- Aprendizado com currículo prático e material e com atividades de
manipulação
FATORES QUE INIBEM O APRENDIZADO
- Desenvolvimento tardio de habilidades motoras, tanto fina quanto
grossa
- Dificuldades de audição e visão
- Dificulade no discurso e na linguagem
- Déficit de memória auditiva recente
- Capacidade de concentração mais curta
- Dificuldade com a consolidação e retenção de conteúdo
- Dificuldade com generalizações, pensamento abstrato e raciocínio
- Dificuldade em seguir sequências
- Estratégias para evitar o trabalho
DIFICULDADE
DE VISÃO
Embora os alunos com Síndrome de Down costumem ser muito bons em
aprender visualmente e sejam capazes de utilizar este habilidade para aprender
o currículo, muitos têm alguma dificuldade de visão: de 60 a 70% usam óculos antes dos
7 anos e é importante diagnosticar e sanar as dificuldades que eles possuem.
ESTRATÉGIAS
- Coloque o aluno mais à frente
- Escreva com letras maiores
- Faça apresentações simples e claras
DIFICULDADE
DE AUDIÇÃO
Muitas crianças com Síndrome de Down têm alguma perda auditiva,
especialmente nos primeiros anos. Até 20% apresentam perda sensorial-neural,
causada por defeitos no desenvolvimento do ouvido e nervos auditivos. Outros
50% podem ter perda auditiva ocasionada por infecções respiratórias que
costumam ocorrer por conta dos canais auditivos mais estreitos. É especialmente
importante checar a audição da criança porque ela afetará sua fala e linguagem.
A clareza da audição também pode ser flutuante e é importante
identificar que respostas inconsistentes podem ser fruto de deficiência
auditiva e não falta de entendimento ou atitude indesejada.
ESTRATÉGIAS
- Coloque o aluno mais à frente
- Fale diretamente ao aluno
- Reforce o discurso com expressões faciais, sinais ou gestos
- Reforce o discurso com material de apoio visual – figuras, fotos,
objetos
- Escreva novo vocabulário no quadro
- Quando outros alunos responderem, repita suas respostas alto
- Diga de outra forma ou repita palavras e frases que possam ter sido
mal-entendidas.
SISTEMA
MOTOR FINO E GROSSO
Muitas crianças com Síndrome de Down têm flacidez muscular (hipotonia),
o que pode afetar sua habilidade motora fina e grossa. Isso pode atrasar as
fases do desenvolvimento motor,
restringindo experiências dos primeiros anos, tornando o desenvolvimento
cognitivo mais lento. Na sala de aula, o desenvolvimento da escrita é especialmente
afetado.
ESTRATÉGIAS
- Oferecer exercícios extras, orientação e encorajamento – todos as
habilidades motoras melhoram com a prática.
- Oferecer atividades para o fortalecimento do pulso e dedos, como por
exemplo alinhavar, seguir tracinhos com o lápis, desenhar, separar, cortar,
apertar, construir, etc.
- Usar um grande leque de atividades e materiais multi-sensoriais.
- Procurar que as tividades sejam o mais significativas e prazerosas
possível.
DIFICULDADE
DE FALA E DE LINGUAGEM
Crianças com Síndrome de Down típicas possuem dificuldade de fala e
linguagem e devem ser atendidas regularmente por fonoaudiólogos que podem
sugerir atividades individualizadas para promover o desenvolvimento de sua fala
e linguagem.
O atraso na linguagem é causada por uma combinação de fatores, alguns deles
físicos e alguns devido a problemas cognitivos e de percepção. Qualquer atraso
em aprender a entender e usar a linguagem pode levar a um atraso cognitivo. O
nível de conhecimento e entendimento e, logo, a habiliade de acessar o
currículo vai inevitavelmente ser afetada. Habilidades receptivas são mais
desenvolvidas do que habilidades de expessão. Isso quer dizer que as crianças
com Síndrome de Down entendem mais do que são capazes de expressar. Como
resultado disso, as habilidades cognitivas destes alunos são freqüentemente
subestimadas.
ATRASO NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
- Vocabulário menor, levando a um conhecimento geral menor.
- Dificuldade de aprender regras gramaticais (não usar vocábulos de
conexão, preposições, etc), resultando num estilo telegráfico de discurso.
- Habilidade para aprender vocabulário novo mais fácilmente do que as
regras gramaticais.
- Maiores problemas em aprender e usar linguagem social.
- Maiores problemas em entender linguagem específica apresentada no
currículo.
- Dificuldade em compreender instruções.
Além disso, a combinação de ter uma boca menor e músculos da boca e da
língua mais fracos torna a formação das palavras fisicamente mais difícil, e
quanto maior a frase maiores ficam os problemas de articulação.
Problemas de fala e linguagem para estas crianças normalmente significam
que menos oportunidades lhes são oferecidas para manter uma conversação. É mais
difícil para eles pedir informação ou ajuda. Os adultos costumam fazer
perguntas fechadas, ou terminar uma frase pelas crianças sem lhes dar tempo
para falarem por si próprios nem ajudar para que eles consigam fazê-lo.
A consequência disso é que a criança:
- Ganha menos experiência de linguagem que lhe dê oportunidade de
aprender novas palavras e estruturas de período.
- Tem menos oportunidade de praticar para tentar falar com mais clareza.
ESTRATÉGIAS
- Dar tempo para o processamento da linguagem e para responder.
- Escutar atentamente – seu ouvido irá se acostumar.
- Falar frente à frente e com os olhos nos olhos do aluno.
- Usar linguagem simples e familiar, com frases curtas e enxutas.
- Checar o entendimento – pedir para a criança repetir instruções dadas.
- Evitar vocabulário ambíguo.
- Reforçar a fala com expressões faciais, gestos e sinais.
- Ensinar a ler e usar palavras impressas para ajudar a fala e a
pronúncia.
- Reforçar instruções faladas com instruções impressas, usar também
imagens, diagramas, símbolos e material concreto.
- Enfatizar palavras-chave reforçando-as visualmente.
- Ensinar gramática com material impresso, cartões de figuras, jogos,
figuras de preposições, símbolos, etc.
- Evitar perguntas fechadas e encorajar a criança a falar além de frases
monosilábicas.
- Encorajar o aluno a falar em voz alta na sala dando a ele estímulos
visuais. Permitir que eles leiam a informação pode ser mais fácil para eles do
que falar espontaneamente.
- O uso de um diário para casa e escola pode ajudar os alunos a contar
suas “ novidades”.
- Desenvolver a linguagem através de teatro e faz-de-conta.
- Encorajar o aluno a liderar.
- Criar oportunidades onde ele possa falar com outras pessoas, por
exemplo, levar mensagens, etc.
- Providenciar várias atividades e jogos de ouvir por pouco tempo e
materiais visuais e táteis para reforçar a linguagem oral e fortalecer as habilidades
auditivas.
DÉFICIT DE
MEMÓRIA AUDITIVA RECENTE E NA HABILIDADE DE PROCESSAMENTO AUDITIVO
Outros problemas de fala e linguagem
em crianças com Síndrome de Down surgem por conta de dificuldades na
memória auditiva recente e nas habilidades de processamento auditivo. A memória
auditiva recente é a memória armazenada usada para manter, processar, entender
e assimilar a língua falada o tempo suficiente para responder. Qualquer déficit
na memória auditiva recente vai afetar consideravelmente a habilidade do aluno
em responder a palavra falada ou aprender a partir de situações que se prendam
somente a sua habilidade auditiva. Além disso, eles acham mais difícil seguir e
lembrar de instruções verbais.
ESTRATÉGIAS
- Limite a quantidade de instruções verbais a uma de cada vez.
- Dê tempo à criança para processar e responder às colocações verbais.
- Repita individualmente para o aluno qualquer informação ou instrução
que foi dada a classe como um todo.
- Tente evitar instruções ou discussões na classe que sejam muito
longas.
- Planeje traduções visuais e-ou atividades alternativas.
Lembre-se: em geral, crianças com Síndrome de Down têm fortes
habilidades de aprendizagem visual mas não são bons aprendizes auditivos.
Sempre que possível eles necessitam de
apoio visual e concreto e materiais práticos para reforçar as informações
auditivas.
CAPACIDADE
DE CONCENTRAÇÃO MAIS CURTA
Muitas crianças com Síndrome de Down têm uma capacidade de concentração
mais curta e são facilmente distraídos. Além disso, a intensidade do
aprendizado com apoio, especialmente quando ele se dá individualmente, é muito
maior e a criança se cansa mais facilmente do que a criança que não necessita
deste apoio.
ESTRATÉGIAS
- Construa uma gama de tarefas curtas, focalizadas e definidas claramente
nas aulas.
- Varie o nível de demanda de tarefa para tarefa.
- Varie o tipo de apoio.
- Use os outros colegas para manter o aluno trabalhando.
- Na hora da rodinha, situe o aluno próximo ao professor (sem sentar no
colo!).
- Providencie um quadrado de carpete para que a criança fique sentada no
mesmo lugar.
- Trabalhar no computador às vezes ajuda a manter o interesse da criança
por mais tempo.
- Crie uma caixa de atividades. Isso é útil para as horas em que a
criança terminou sua atividade antes de seus colegas, precisa mudar de tarefa
ou precisa dar um tempo. Coloque uma série de atividades que o aluno gosta de
fazer, incluindo livros, cartões, jogos de manipulação, etc. Isso encoraja a
escolha dentro de uma situação estruturada. Deixar que outra criança participe
é uma boa maneira de encorajar amizade e cooperação.
GENERALIZAÇÃO,
PENSAMENTO ABSTRATO E RACIOCÍNIO
Quando uma criança tem deficiência de fala e linguagem, suas habilidades
de pensamento e raciocínio são inevitavelmente afetadas. Ela encontra mais
dificuldade em transferir suas habilidades de uma situação para outra.
Conceitos e assuntos abstratos podem ser particularmente difíceis de entender e
a capacidade de resolução de problemas pode ser afetada.
ESTRATÉGIAS
- Não assuma que o aluno vai transferir conhecimento automaticamente.
- Ensine novas habilidades usando uma variedade de métodos e materiais e
em vários contextos diferentes.
- Reforce o aprendizado de conceitos abstratos com materiais concretos e
visuais.
- Ofereça explicações adicionais e dê demonstrações.
- Encoraje a solução de problemas.
CONSOLIDAÇÃO
E RETENÇÃO
Alunos com Síndrome de Down geralmente levam mais tempo para aprender e
consolidar coisas novas e a habilidade de aprender e absorver o aprendizado
pode variar de um dia para o outro.
ESTRATÉGIAS
- Ofereça mais tempo e oportunidade para repetições adicionais e
reforço.
- Apresente informações e conceitos novos de maneiras variadas, usando
material concreto, prático e visual, sempre que possível.
- Siga em frente mas sempre dê uma revisada para assegurar que coisas
aprendidas anteriormente não ficaram esquecidas com a assimilação das novas
informações.
ESTRUTURA E
ROTINA
Muitas crianças com Síndrome de Down se dão bem com rotina, estrutura e
atividades focalizadas claramente. Situações informais e sem estrutura são
geralmente mais difícieis para eles. Eles também podem se sentir contrariados
com qualquer mudança. Podem precisar de maior preparação e podem levar mais
tempo para se adaptar às mudanças na sala de aula e nas transições.
ESTRATÉGIAS
- Explique sobre a grade de horários, rotinas e regras escolares
explicitamente, dando tempo e oportunidade para que aprenda.
- Providencie uma grade de horários visualmente atraente: use palavras,
desenhos, figuras e fotos.
- A progressão da aula durante o dia deve poder ser acompanhada pelo
horário.
- Quando uma grade visual não for apropriada, arrume uma série de fotos
ou figuras descrevendo as atividades escolares. Estas fotos podem ser mostradas
a criança antes da atividade ser começada.
- Certifique-se de que a crinaça sabe qual será a próxima atividade.
- Atenha-se à rotina sempre que possível.
- Prepare a criança com antecedência se souber que haverá alguma mudança
e informe os pais.
- Solicite a ajuda da criança na preparação para a atividade subsequente
dando-lhe uma tarefa específica.
INCLUSÃO
SOCIAL
O objetivo primordial para qualquer criança de 5 anos entrar na escola é
a inclusão social. Como com qualquer criança, é muito mais difícil progredir
nas áreas cognitivas até que ela seja capaz de se comportar e interagir com os
outros de maneira socialmente aceitável e entender e responder apropriadamente
ao ambiente que a cerca. Todas crianças com Síndrome de Down se beneficiam em
se misturar com colegas com desenvolvimento típico. Muitas vezes eles ficam
felizes em agir como os colegas e geralmente os usam como modelos para o
comportamento social apropriado e motivação para aprender. Este tipo de
experiência social, quando existe a expectativa de que as outras crianças se
comportem e consigam fazer coisas de acordo com sua faixa etária, é
extremamente importante para as crianças com Síndrome de Down, que geralmente
tem um mundo mais confuso e menos maduro social e emocionalmente. Mesmo assim,
muitas delas precisam de ajuda adicional e apoio para aprender as regras para o
comportamento social apropriado. Elas não aprendem facilmente de forma
incidental e não pegam as convenções intuitivamente como seus colegas. Elas vão
levar mais tempo do que seus colegas para aprender as regras. O foco principal
da ajuda adicional nos primeiros anos deve ser aprender as regras do
comportamento social adequado.
ESTRATÉGIAS
- Reconhecer as principais rotinas do dia.
- Aprender a participar e responder apropriadamente.
- Responder a perguntas e instruções dadas oralmente.
- Aprender a respeitar a vez de cada um, dividir, dar e receber.
- Aprender a fazer fila.
- Aprender a sentar no chão na hora da rodinha.
- Aprender comportamentos apropriados.
- Aprender as regras da escola e da classe, tanto as formais quanto as
informais.
- Trabalhar independentemente.
- Trabalhar em cooperação com os outros.
- Fazer e manter amizades.
- Desenvolver de habilidades de auto-ajuda e tarefas práticas.
- Tomar conta, se preocupar com os outros.
HORA DE
BRINCAR
Algumas ajudas adicionais na inclusão de crianças pequenas com Síndrome
de Down durante a hora da brincadeira podem ser necessárias. Porém, qualquer
ajuda de adulto que a criança tiver, se não for usado com sensibilidade, pode
erguer uma barreira entre a criança e
seus colegas, o que, junto com a dificuldade de fala e linguagem, pode tornar
as coisas muito mais difíceis para a criança com Síndrome de Down:
- Começar independentemente a brincar com outras crianças.
- Entender as regras do jogo.
- Entender as regras de “ser amigo”.
ESTRATÉGIAS
- Encoraje o aprendizado cooperativo em trabalho com um parceiro ou num
grupo pequeno.
- Não coloque sempre o aluno junto com o grupo menos capaz ou menos
motivado. Alunos com Síndrome de Down se beneficiam por trabalhar com crianças
mais capazes se as tarefas forem adequadamente diferenciadas.
- Promova a conscientização sobre as deficiências através de, por
exemplo, uma discussão com toda a classe ou a escola. É importante que os
alunos se familiarizem com o colega com Síndrome de Down, entendam seus pontos
fortes, seus pontos fracos, sua capacidade e também reconheçam que ele tem as
mesmas necessidades emocionais e sociais do que eles próprios.
- Se achar adequado, promova uma alternância de amigos ou um sistema de
colega de apoio para ajudar na inclusão.
- Use a ajuda dos colegas no lugar de adultos sempre que possível.
- Organize apoio para oferecer sessões de brincadeira estruturadas na
hora do recreio.
- Encoraje a participação do aluno em atividades extra-curriculares com
os colegas da escola (clubes de livro, esportes, etc).
- Encoraje habilidades de independência e vida prática, por exemplo,
dando-lhe responsabilidades – devolver livros, levar mensagens, etc.
- Encoraje-o a conhecer a si mesmo, respeitar a própria identidade,
promova sua auto-estima e auto-confiança.
- Promova o entendimento através
de teatro, livros, figuras ou na hora da rodinha.
COMPORTAMENTO
Não há problemas de comportamento característicos de crianças com Síndrome
de Down. Porém, muito de seu comportamento estará relacionado a seu nível de
desenvolvimento. Então, quando ocorrem problemas, eles são geralmente parecidos
com aqueles vistos em crianças de desenvolvimento típico mais novas.
Além disso, crianças com Síndrome de Down cresceram tendo que lidar com
mais dificuldades do que muitos de seus colegas. Muito do que se espera que
eles façam em seu dia-a-dia será muito mais difícil de conseguir fazer devido a
seus problemas de comunicação, audição, memória, coordenação motora, concentração,
e dificuldade de aprendizado. Os problemas de comportamento podem, portanto,
ser desencadeados em algumas situações aparentemente banais. Por exemplo, eles
podem se sentir frustrados ou ansiosos com mais facilidade. Então, o fato da
criança ter Síndrome de Down não necessariamente quer dizer que ela vá
apresentar inevitavelmente problemas de comportamento, mas a natureza de suas
dificuldades os fazem mais vulneráveis a desenvolver problemas de
comportamento.
Uma questão particular dos problemas de comportamento são as estratégias
para escapar das tarefas. Pesquisas mostram que, como muitos alunos com
necessidaes educacionais especiais, crianças com Síndrome de Down costuma
adotar estas estratégias que comprometem o progresso de seu aprendizado. Alguns
alunos usam comportamentos anti-sociais para distrair a atenção dos adultos e
escapar do trabalho, e parecem apenas aceitar fazer tarefas que exigem muito
pouco de sua capacidade cognitiva.
É importante o professor ficar atento à possibilidade destas estratégias
e saber separar comportamento imaturo de mau-comportamento deliberado, e
assegurar que o nível de desenvolvimento e não a idade cronológica da criança
seja levado em consideração, junto com sua capacidade de entender instruções
dadas oralmente. Qualquer recompensa a ser oferecida trambém deve levar em
conta estes fatores.
ESTRATÉGIAS
- Assegurar que as regras são claras
- Assegurar que todos os funcionários da escola saibam que a criança com
Síndrome de Down deve obedecer às regras como qualquer aluno.
- Utilizar instruções curtas,
precisas e claras e gestos e expressões que as confirmem – explicações longas e
complexas não são apropriadas.
- Distinguir o “não consigo fazer” do “não vou fazer”
- Investigar qualquer comportamento inapropriado, perguntando a si mesmo
por que a criança está agindo deste modo: a tarefa é muito fácil ou muito
difícil ? A tarefa é muito longa ? O trabalho é adequado para a criança ?
- O aluno compreende o que é esperado dele ?
- Encorajar comportamento positivo desenvolvendo figuras de bom
comportamento. Por exemplo, mostrar uma foto da turma ou de um grupo arrumando
a sala direitinho, pode ser o bastante para encorajá-lo a fazer o mesmo.
- Reforçar o comportamento desejado imediatamente com sinais de
aprovação visuais ou orais.
- Ignorar tentativas de chamar a atenção dentro do possível – o seu
propósito é criar distração
- Desenvolver uma série de estratégias para lidar com a tentativa de
escapar: algumas funcionarão melhor que outras com algum um aluno em particular.
- Assegurar que o professor de apoio não seja o único lidando com o
mau-comportamento. O professor da turma tem a responsabilidade sobre a criança.
- Assegurar que a criança trabalhe com colegas que sejam bons modelos em
comportamento.
APOIO
A maior parte dos alunos com Síndrome de Down vai precisar de apoio
adicional. Porém, o tipo de apoio que a
criança recebe pode ter um enorme impacto na efetivação da inclusão.
A seguir, algumas coisas que são esperadas do profissional de apoio:
No que diz respeito à criança:
- Aumentar o acesso ao currículo e ao desenvolvimento do aprendizado.
- Garantir que a criança aprenda novas habilidades.
- Ajudar a desenvolver a independência.
- Ajudar a desenvolver habilidades sociais, amizades e comportamento
apropriado para a idade.
No que diz respeito ao professor:
- Ajudar a modificar ou adaptar tarefas planejadas pelo professor.
- Dar informações mais detalhadas sobre o desempenho do aluno ao
professor.
- Dar oportunidade ao professor de trabalhar individualmente com uma
criança com Síndrome de Down ou em grupo enquanto assume o lugar do professor.
TAMBÉM É MUITO IMPORTANTE QUE O PROFESSOR DE APOIO SEJA VISTO COMO
PERTENCENDO A TODA CLASSE, DANDO AJUDA A TODAS AS CRIANÇAS QUE NECESSITAREM, E
NÃO COMO PROPRIEDADE DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN. DESTA MANEIRA, OUTRAS
CRIANÇAS DA CLASSE SE BENEFICIAM COM O APOIO EXTRA . O PROFESSOR NUNCA DEVE
ABDICAR DE SUA RESPONSABILIDADE PELA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN.
AJUDA
INDIVIDUAL E SAÍDAS DA CLASSE
Além disso, o apoio não deve consistir apenas e nem principalmente na
professora ajudante trabalhando individualmente com a criança, especialmente
quando isso requer saídas da classe, o que deve ser evitado ao máximo. Embora
vá haver vezes em que algum trabalho individual seja requerido, isso só deve
ser feito em último caso e dentro da sala de aula, sempre que possível.
ESTRATÉGIAS
Esteja ciente de que muita ajuda individual pode privar a criança de:
- ser beneficiada da estimulação e modelos proporcionados pelos colegas.
- aprender a trabalhar cooperativamente.
- aprender a trabalhar independentemente.
- desenvolver relações sociais com seus colegas.
QUANTOS
AJUDANTES ?
Em geral, não é aconselhável ter um profissional de apoio para ajudar
uma criança. Isso pode levar a uma familiaridade grande demais e à dependência
da criança naquela pessoa, além de ser uma relação intensa demais tanto para a
criança quanto para o ajudante. Considere ter dois ajudantes ao invés de um,
que se revezem dividindo horários ou dias. Isso também pode facilitar na hora
de substituir um ajudante quando o outro se ausentar por qualque motivo.
Quando planejar o apoio, é vital decidir:
- Quem vai adaptar o trabalho e de que maneira?
- Quem vai procurar e preparar recursos adicionais ?
- Quando isso vai acontecer e com que frequência ?
O professor da turma é o responsável pela diferenciação das atividades,
mas muitos professores de apoio são capazes de adaptar atividades se e quando
necessário.
O CURRÍCULO
Embora vá haver uma necessidade contínua de visar a independência, o
comportamento social e a inclusão social da criança com Síndrome de Down,
algumas metas devem ser alcançadas no primeiros anos. Uma atenção maior deve
ser dada quando a criança passa da primeira para a segunda série.
Mesmo assim, como para qualquer criança, as atividades devem ser
modificadas e adaptadas para se adequar ao nível de aprendizado e
desenvolvimento da criança. Em alguns casos, isso pode significar que um novo
conceito, assunto ou habilidade deverá ser recortado até um nível bem básico
com um foco num ponto específico que você quer que a criança aprenda e entenda.
Embora isso possa significar que, em alguns casos, a criança com Síndrome
de Down estará trabalhando num nível muito diferente , não quer dizer que o
assunto ou tópico que ela esteja trabalhando seja diferente do dos demais
colegas. Com planejamento e o apoio do professor ajudante isso pode ser
alcançado com sucesso em muitos casos.
PRÁTICAS DE
SALA DE AULA
Muitos alunos com Síndrome de Down, assim como outros alunos com
necessidades educacionais especiais, não se adaptam a algumas práticas de sala
de aula: aulas expositivas para a turma inteira, aprender ouvindo, e trabalho
de reforço baseado em exercícios sem modificação. Portanto, os professores
precisam analisar suas práticas de sala de aula e todo o ambiente de
aprendizado na classe de forma que as atividades, os materiais e os grupos de
alunos sejam levados em
conta. Para certos propósitos, a habilidade será menos
importante do que os estilos de aprender de cada aluno. É importante, por
exemplo, utilizar a motivação e a oportunidade para aprender com bons modelos
que surgem quando o alunos com Síndrome de Down está trabalhando em grupo os
colegas.
Estudos mostram que não apenas os alunos com necessiades educacionais
especiais preferem trabalhar em grupo, mas o grupo cooperativo fomenta o
aprendizado.
ESTRATÉGIAS
Decida quando a criança deve trabalhar:
- Em atividades com toda a classe.
- Em grupo ou em pares na classe.
- Em grupo ou em pares numa área afastada.
- Individualmente independentemente ou individualmente com o professor.
Decida quando a criança deve ficar:
- Sem apoio.
- Com apoio dos colegas.
- Com apoio do professor assistente.
- Com apoio do professor da turma.
- Faça um Plano de Educação Individual para atingir determinadas áreas
que necessitem atenção.
- Produza uma grade de horários visualmente atraente para que a criança
entenda a estrutura do seu dia.
LEITURA
Há muitas pesquisas destacando a forte ligação entre a leitura e o
desenvolvimento da linguagem em crianças com Síndrome de Down e a leitura é uma
área do currículo em que muitas destas crianças podem se sair muito bem. Como a
palavra escrita faz com que a linguagem se torne visual, os textos impressos
superam a dificuldade do aprendizado pela audição.
A leitura pode portanto ser usada para:
- Ajudar o entendimento.
- Ajudar a acessar o currículo.
- Melhorar as habilidades de fala e linguagem.
PORÉM É IMPORTANTE ESTAR ATENTO SOBRE COMO A CRIANÇA COM SÍNDROME DE
DOWN APRENDE A LER, JÁ QUE AS MANEIRAS PODEM SER DIFERENTES DAS RECOMENDADAS
POR CADA ESCOLA. UM FATOR CHAVE AO ENSINAR UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN A
LER É UTILIZAR O MÉTODO DE APRESENTAR A PALAVRA COMPLETA E MUITAS CRIANÇAS SÃO
CAPAZES DE COMEÇAR A CONSTRUIR UM VOCABULÁRIO VISUAL DE PALAVRAS FAMILIARES
DESTA MANEIRA.
Isso, é claro, pode significar um problema quando existe a exigência de
que o método fônico seja utilizado na alfabetização. Usar fonemas para
decodificar palavras pode ser mais difícil para crianças pequenas com Síndrome
de Down porque ele envolve habilidades como audição apurada e discriminação de
sons, assim como estar apto a resolver problemas. Mas uma noção básica do
método fonético pode ser adquirida por muitas crianças com Síndrome de Down e
isso deve ser introduzido enquanto elas estão construindo seu vocabulário
visual.
ESCRITA
Produzir qualquer forma de trabalho escrito é uma tarefa muito complexa.
As dificuldades de memória curta, fala e linguagem, sistema motor fino e
organização e sequenciamento de informação
provocam um impacto considerável na aquisição e desenvolvimento da
escrita para muitos alunos com Síndrome de Down.
Áreas de especial dificuldade:
- Colocar as palavras em sequência para formação da frase.
- Colocar eventos-informação em sequência na ordem correta.
- Organização de pensamentos e informação relevante no papel.
ESTRATÉGIAS
- Investigar recursos adicioais para ajudar a escrita como um processo
físico – diferentes tipos instrumentos para escrever, apoio tátil para empunhar
o lápis, linhas grossas, quadrados no papel para limitar o tamanho da letra,
papel com pauta, quadriculado, quadro individual para escrever, programas de
computador.
- Oferecer apoio visual – flash cards (cartões de leitura com figura ou
foto e palavra), palavras-chave e símbolos gráficos escritos em cartões.
- Oferecer métodos alternativos de memorização: sublinhar ou circular a
resposta correta, sequência de frases com cartões, programas de computador
específicos, utilizar o método Cloze (subtração
sistemática de palavras, substituídas por lacunas num texto a ser aprendido).
- Garanta que os alunos só escrevam sobre assuntos que estejam dentro de
sua experiência e entendimento.
- Ao copiar do quadro, sublinhe ou destaque uma versão mais curta que
focalize o que é essencial para o aluno.
- Encorajar o uso de letra cursiva para ganhar fluência.
ORTOGRAFIA
Como a leitura, não é indicado confiar apenas na fonética para resolver
problemas de ortografia, uma vez que muitas crianças com Síndrome de Down estarão
soletrando palavras a partir da sua memória visual. Porém, para desenvolver e
expandir sua habilidade de leitura elas vão precisar aprender algumas noções
fonéticas , mas o desenvolvimento nesta área pode ser mais lento do que o de
seus colegas.
ESTRATÉGIAS
Devido às habilidades de fala e linguagem mais fracas e o vocabulário
limitado, é importante:
- Ensinar palavras que eles entendam.
- Ensinar palavras objetivando promover o desenvolvimento de sua fala e
linguagem.
- Ensinar palavras necessárias para matérias específicas.
- Ensinar ortografia da maneira mais visual possível.
- Usar métodos multi-sensoriais – por exemplo,
olhe-cubra-escreva-cheque, cartões com figuras e palavras, acompanhar com o
dedo as letras.
- Reforçar os significados de palavras abstratas com figuras e símbolos.
- Colorir grupos e padrões de letras similares dentro das palavras.
- Oferecer um banco de palavras com figuras agrupado alfabeticamente
para reforçar o significado.
- Trabalhar atividades de ortografia no computador.
- Ensinar famílias de palavras simples e básicas.
COMUNICAÇÃO
COM OS PAIS E CUIDADORES
Embora muitos pais vão à escola regularmente, um livro de comunicação
casa-escola é o ideal como forma de informar as novidades do dia. Isso tem um
valor inestimável, principalmente enquanto a criança ainda não possui uma
habilidade de fala e linguagem muito desenvolvida para contar as novidades
claramente. Tome cuidado para não transformar o livro só em um portador de más
notícias.
abraço,