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terça-feira, 22 de abril de 2014

Guia para ensinar a usar o banheiro com estrutura TEACCH

Muitas crianças autistas tem dificuldades em aprender a usar o vaso sanitário. O que pode funcionar para uma criança pode não funcionar para outras. Aqui vai um resumo do TEACCH de como ensinar a usar o vaso sanitário. Um dos elementos do programa TEACCH é o ensino estruturado “Structure Teaching” que são as ferramentas usadas pelo programa para dar o suporte necessário para que o autista aprenda novas habilidades explorando seu lado forte de aprendizagem visual, motricidade e rotina, com isso ganhando mais independência.
Primeiro sempre se deve levar em consideração a perspectiva da criança, de que maneira as características do autismo contribuem para a dificuldade de aprender a usar o vaso sanitário.
a) A dificuldade de compreender e manter uma relação social interfere neste processo. A criança regular, de dois a três anos, quer agradar e fica orgulhosa de estarem crescendo e começando a usar cuequinhas, calcinhas. A criança autista não tem esta motivação.
b) A criança autista tem dificuldade em organizar informações e manter uma seqüência. Por isso seguir a rotina necessária para o processo de usar o vaso sanitário e manter o foco que é necessário neste processo torna-se um desafio.
c) A dificuldade em compreender a linguagem e imitar modelos. Eles podem não compreender o que se espera deles.
d) A dificuldade em aceitar a mudança na rotina. A criança já tem o costume de usar fraldas e está familiarizado com esta rotina, pode não compreender a necessidade desta mudança.
e) Dificuldade em organizar informações sensoriais. Estabelecer a relação entre a sensação que o corpo transmite pedindo para ir ao banheiro e as atividades do dia a dia. Com isso não reconhecem os sinais que o corpo oferece. Para muitos, o banheiro pode ser insuportável, o barulho da descarga, ecos, barulho da água correndo e o vaso sanitário que para eles e uma cadeira com um furo no meio com água dentro. No processo de remover a roupa, a temperatura pode afetá-los e a sensação do pano da roupa pelo corpo pode fazer com que a criança não se sinta bem.

Começando:
1) No processo de ensinar a usar o vaso sanitário deve-se definir um objetivo realista compreendendo que será um processo lento. Observe a criança para escolher a melhor maneira de começar. De início estabeleça uma rotina incluindo o horário de ir ao vaso sanitário e colete informações sobre a performance da criança. Leve-a ao banheiro a cada meia hora para tentar usar o vaso sanitário. Depois de duas semanas compare os dados das informações coletadas.

  •     A criança se mantém seca por um bom período?
  •    Pode-se notar alguma regularidade quando ela esta molhada ou com fezes?
  •    Ela faz uma pausa nas atividades quando está molhada ou com fezes?

Para as crianças que todas as respostas foram “Não”, isso significa que elas ainda não estão preparadas para realizar esta meta. Mas recomenda-se que inclua em sua rotina algumas idas ao vaso sanitário para se familiarizar.
Outras informações importantes que se deve coletar:


  •     A criança está compreendendo esta rotina?
  •     Como é sua habilidade para vestir-se?
  •    A criança demonstra medo ou interesse relacionado ao processo de ir ao banheiro (reação à descarga, água, papel higiênico e outros)?
  •    Qual o seu nível de atenção neste processo?
  •    Como entra ao banheiro (não entra/entra rápido)?
  •    Ao tirar a roupa (aceita ajuda, como tirar até o joelho, coxa)?
  •    Senta-se no vaso sanitário?
  •    Pega o papel higiênico?
  •    Usa o papel higiênico?
  •    Levanta a tampa do vaso sanitário?
  •    Veste sua roupa?
  •    Dá descarga?
No final deste processo terá informações suficientes para estabelecer um objetivo apropriado para introduzir o treinamento de usar o vaso sanitário.

2)    Estrutura física:
Ao começar o processo de ensinar o uso do banheiro queremos que a criança compreenda que este comportamento (fazer xixi, cocô) deve ser feito no vaso sanitário.Com isso inclua o processo de tirar fralda, limpar, colocar a roupa (relacionada com o processo de usar o vaso sanitário) sempre no banheiro (não tire a roupa da criança e nem troque suas fraldas no quarto) para estabelecer a compreensão para que, para isso, usa-se o banheiro. Crie um ambiente seguro para ela sem muita estimulação. A criança ficará mais calma e responderá melhor.
Pense também nas necessidades físicas (para as crianças que têm dificuldades de locomoção): se necessitam de uma barra de ferro que as ajudem a apoiar seu peso para usar o vaso sanitário. O barulho da descarga, eco do banheiro pode incomodar alguns. Muitas crianças respondem bem a músicas suaves e outros sons que tirem ou diminuam os ruídos naturais do sanitário.

3)    Estabelecer suporte visual:
Depois de estabelecer um objetivo apropriado para introduzir o vaso sanitário é importante implementar o suporte visual que demonstre as seqüências de cada ação deste processo. Deve usar um objeto ou foto (PECS) que represente a transição de ir ao banheiro e iniciar uma rotina. Depois de estabelecer esta rotina é importante que suporte estas ações visualmente com objetos, fotos (PECS), escrever as seqüências cada passo (se a criança lê). Descrever as seqüências das ações é importante para que a criança reconheça e faça a conexão dos passos que ele deve fazer. Inclua na seqüência o que ela vai fazer depois de ir ao banheiro (como brincar, assistir TV).
                   
4)    Problemas específicos:
Resolva os problemas durante o percurso sempre levando em consideração a perspectiva da criança e como se pode ajudar a solucioná-los usando estrutura visual.
Aqui vão algumas idéias de problemas que pais encontram ao começar este treinamento:
a)      Resistência a sentar no vaso sanitário:

  •    Deixe sentar no vaso sanitário sem remover a roupa
  •    Deixe sentar no vaso sanitário com a tampa fechada
  •    Use pinico (se o vaso sanitário for muito alto)
  •    Demonstre como sentar no vaso sanitário: use um boneco para demonstrar, você senta em seguida e depois, a criança senta.
  •    Sente junto
  •    Ofereça ajuda física se necessário
  •    Ajude a compreender por quanto tempo deve permanecer sentado (deixe-a ouvir uma música e, quando ela acabar, poderá sair. Use um relógio despertador por um minuto).
  •    Quando ela começar a sentar-se ofereça entretenimento - como livro ou outra coisa.

b)     Medo da descarga:

  •     Não use a descarga até ter algo para ser removido;
  •    Use a descarga quando a criança estiver longe do vaso sanitário (como na porta);
  •   Marque o lugar que acriança deve estar para você usar a descarga e, gradualmente coloque este lugar cada vez mais perto do vaso sanitário;
  •     Avise que vai usar a descarga. Exemplo: “está pronto? 1, 2, 3 e já!” (aperte a descarga);
  •    Deixe a criança usar a descarga.

c)      Só quer usar a descarga:

  •    Cobrir a descarga para a criança não ver;
  •    Dê algo para segurar;
  •    Use sequências visuais para mostrar quando se usa a descarga.

d)     Brincar com água:

  •    Ofereça um brinquedo que tenha água para distrair;
  •    Use um papelão ou uma toalha para cobrir as pernas da criança enquanto usa o vaso sanitário;
  •    Cubra o vaso sanitário até usar;
  •    Coloque uma pista visual aonde a criança deve sentar-se.

e)      Brincar com o papel higiênico:

  •   Tire do lugar se estiver causando muitos problemas (substitua por lenços de papel);
  •    Já deixe a mão a quantidade certa que deve usar;
  •    Apresente pistas visuais para quando deve tirar o papel higiênico (use clipes para mostrar até a onde deve tirar ou marque com caneta).

f)       Não quer se limpar:

  •   Tente materiais diferentes (lenço de papel, lenços umedecidos, toalhinha, esponja);
  •    Considere a temperatura do material;
  •    Demonstre este processo usando uma boneca.

g)      Não quer fazer xixi em pé (para os meninos):

  •    Ofereça um alvo para a criança atingir na água (cereal redondo, por exemplo);
  •    Aumente o tamanho do alvo se necessário (use alguns cereais formando um círculo);
  •   Use corante para mudar a cor da água e obter a atenção da criança.

h)     Quer manter a fralda:

  •   Corte o fundo da fralda aos poucos, e ofereça outra fralda quando sentar no vaso sanitário.
  •    Use boneca para demonstrar o procedimento
  •    Aumente a quantidade de fluidos (água, suco) e fibra na dieta.

5)  Comunicação:

É importante estabelecer uma maneira da criança se comunicar e conseguir independência. É necessário que ela consiga comunicar suas necessidades de ir ao banheiro. Por exemplo, se a criança quando quer ir ao banheiro anda de um lado para o outro indicando para as pessoas que a conhecem que necessita ir ao vaso sanitário, use esta oportunidade para ensiná-la a usar a comunicação sistemática como objetos, fotos (PECS), linguagens de sinais, palavras.

6)    Exemplo de como coletar informações:

Nome:                                                                Data que começou:


1º Dia
2º Dia
3º Dia
4º Dia
5º Dia
6º Dia
Hora
calça
toalete
calça
toalete
calça
toalete
Calça
toalete
calça
toalete
calça
toalete
7:00












8:00












9:00












10:00












11:00












12:00












13:00












14:00













15:00













16:00













17:00













18:00













19:00













20:00













21:00













Fonte:




sábado, 19 de abril de 2014

Feliz Páscoa!

Páscoa é momento de alegria e meditação para agradecermos pelas oportunidades de renovação da vida!



ÓTIMA PÁSCOA!
abraço!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Filme Black

Este filme é antigo de 2005, no mesmo ano, ele foi considerado uns dos 10 melhores filmes em todo mundo pela Revista Time. Baseado na vida de Helen Keller, em que conta a história de uma jovem chamada Michelle McNally que ficou cega e surda, alguns meses depois do seu nascimento.
Um filme que vale a pena ver e se emocionar...


Também indico o filme "O Milagre de Anne Sullivan" mas ele é bem antigo de 1962, que conta a história de Helen Keller e sua persistente professora. (penso que também tenha no youtube o filme completo)

abraço,

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Filme "Hoje eu quero voltar sozinho"


Dia 10 estreou o filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", baseado no curta premiado com o mesmo nome...

Leonardo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.




Este o curta premiado...



O que achou?

abraço,

domingo, 13 de abril de 2014

Atividades - Trabalhando Conceitos

A aprendizagem dos alunos de certos conceitos são ferramentas indispensáveis ao desenvolvimento da habilidade de pensar. Eles precisam aprender a classificar, ordenar, combinar, identificar e generalizar...
Ai vai algumas figuras que podemos trabalhar com elas sobre alguns conceitos, como:
Grandeza: grande/pequeno, maior/menor, mesmo tamanho, mais curto/mais comprido, mais alto/ mais baixo, grosso/fino e largo/estreito;
Posição: dentro/fora, ao lado de/na frente de/atrás de, em cima/embaixo/ao lado, entre, mais perto/mais longe, abaixo/acima, primeiro/último;
Classificação: semelhante/diferente;
Tempo: antes/depois, novo/velho.

Dependendo das potencialidades da criança há diversas formas de explorar esse material...
Imprima e explore com a criança como jogo da memória ou simplesmente deixe sobre a mesa para ir combinando as figuras, estimulando a fala, descrever as figuras, enfim...








bom trabalho!
abraço,

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dia Mundial da Consciência sobre o Autismo

Neste ano estou atendendo dois alunos autistas que amo, me encantam e conquistam a cada dia e aos que por mim já passaram e pude ver a evolução, superação e desenvolvimento, me alegra muito! Vale a pena lutar, esclarecer e desmistificar o autismo e vê-los incluídos e felizes.




quinta-feira, 27 de março de 2014

Literatura infanto-juvenil gratuito

Olha que bacana, neste site oferecem livros gratuitamente, desde 99 eles produzem e distribuem literatura infanto-juvenil para incentivar o gosto pela leitura, fica a dica!
Acesse:

http://www.educardpaschoal.org.br/web/

aproveitem,
abraço!

quarta-feira, 26 de março de 2014

terça-feira, 25 de março de 2014

Dia Internacional da Síndrome de Down

Dia 21 de Março foi o dia internacional da Síndrome de Down, mesmo passado alguns dias, quero deixar aqui registrado a alegria de poder trabalhar com eles...No momento tenho três alunos, um menino com 15 anos,  duas meninas de 13 e 6 anos que adorooooo, nossos dias de encontro são uma alegria!
imagem retirada da página http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/2014/03/21/dia-internacional-da-sindrome-de/


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Atividades - bonecos - fases da vida

Olá,
Aí vai algumas imagens para usarem em atividades que abordem a fase da vida, questões familiares ou o que sua criatividade mandar...espero que gostem e me contem o que vocês aprontaram... :)


tive um problema com a plataforma que disponibilizo os arquivos...até resolver, se tiver interesse me peçam que passo por email.

Bom trabalho, aproveitem! abraço!

  






sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Volta às Aulas

E aí tudo bem? Já retornaram? O meu ano começa segunda-feira dia 03, bora trabalhar muito para que as coisas aconteçam...bom ano p todos vocês! abraço


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Achei essas dicas no site http://www.copeb.com na seção de artigos, o autor é Jairo Marques...vale a pena dar uma lida e quem sabe até desenvolver um trabalho, espalhar por aí com efeito de informação, enfim...

DEZ DICAS AO RELACIONAR COM UMA PESSOA COM PC (PARALISIA CEREBRAL)
De Jairo Marques
1. Não trate a pessoa com PC como se ela fosse doente! Paralisia Cerebral não é doença!    Isso vale até para médicos, acredite!
    Paralisia Cerebral é uma desordem neurológica, um distúrbio do movimento e da postura causado por lesão cerebral ocorrida na gravidez ou nos primeiros meses de vida, normalmente causada por falta de oxigênio (hipoxia).
    Perguntas como “ela é doentinha?” ou “qual é o problema dela”, são antipáticas e demonstram falta de sensibilidade.
    Pense bem, antes de falar.

2. Antes de abordar uma pessoa com PC, procure saber qual é a deficiência.    Isso é importante especialmente no caso da paralisia cerebral, já que ela pode assumir várias formas.
    O que parece, pode não ser. É comum que as pessoas pensem que o tal que está numa cadeira - ou que tem limitações motoras - não entende nada do que está sendo dito e por isso se permitem fazer comentários inadequados, tais como, "Coitadinho!”, “Qual que é problema dele?”, “O que ela tem?”, “Ele nasceu assim?”, “Ela entende alguma coisa?”

3. Não ignore sua presença nem menospreze sua capacidade intelectual!
    Paralisia Cerebral não é doença mental.
     Algumas pessoas apresentam déficit cognitivo (de entendimento) associado ao quadro motor, mas o que define a paralisia cerebral é uma disfunção motora e não intelectual.
 
4. Tente descobrir o melhor meio de se comunicar com uma pessoa com PC    Muitos deles apresentam prejuízos na fala, mas isso não significa que não possam se expressar.
    Ainda que não fale, isso não quer dizer que não entende o que está sendo dito.
    Se estiver interessado, tente se comunicar e observe a expressão da pessoa que tem meios muito eficientes de comunicação: sorrisos, olhares,  acenos, gestos.
     Basta você querer e ter paciência que a conversa vai se dar.

5. Nem todo PC é cadeirante e nem todo cadeirante tem paralisia cerebral.    Algumas crianças com PC conseguem andar antes dos sete anos e outros nunca andarão. Depende da extensão da lesão, do tratamento etc.
    Se a pessoa diz que tem PC e não usa cadeira de rodas, não diga: “ah, mas nem parece”, como se a lesão fosse algo a ser estampado no rosto de alguém.
 
6. A Paralisia Cerebral não é contagiosa, portanto não perca a oportunidade de conviver e aprender com a diferença.    Ensine as crianças que estão à sua volta que o simples fato de estar numa cadeira de rodas ou ter expressões diferentes daquelas com as quais se costuma conviver, não faz de um PC um ser com o qual não é possível  brincar, conversar, se relacionar.

7. Não infantilize as pessoas com paralisia cerebral.
   Não se esqueça que na maioria das vezes a PC não acarreta comprometimento cognitivo.
   Todos crescem, amadurecem, envelhecem. A pessoa com PC não se mantém criança indefinidamente. É comum ver pessoas mal informadas sobre a deficiência quase fazendo "bilu-tetéia" com homens e mulheres de 20, 30 ou 40 anos.
8. Não olhe alguém com PC como se fosse um ser exótico.
    Estima-se que surjam de 30 mil a 40 mil novos casos de paralisia cerebral por ano no Brasil.
    Então, eles não são raridade nem bicho de sete cabeças.

9. Não tenha medo de se aproximar de alguém com uma órtese (aparelho ortopédico, bengalinha, etc.).
    Algumas pessoas com PC usam aparelhos para corrigir posturas, evitar deformidades e melhorar funções.
    Esses aparelhos não tornam seus usuários agressivos ou exóticos. Assim como algumas pessoas usam sapatos especiais, outras usam cadeira de rodas, umas usam próteses e outras usam órteses.
     Não mexa em seus aparelhos sem pedir autorização, mesmo das crianças! Se estiver curioso, converse com a pessoa.

10. Sempre vale o bom senso:  nada de piedade, mas condições iguais, companheirismo!
    Normalmente, a pessoa com PC não precisa de tantos cuidados especiais. Aliás, a maioria precisa mesmo é de boas condições de acessibilidade.
     Assim, não fique cheio de dedos em convidá-los para festas. PCs também fazem aniversário, vão ao cinema, viajam, estudam, namoram, compram e fazem tudo o mais que todo mundo faz.


abraço!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Paralisia Cerebral e a utilização do Software Boardmaker para Comunicação Alternativa

A comunicação é essencial para o desenvolvimento do aluno. Para iniciar o processo utilizando a comunicação com alunos com paralisia cerebral é importante saber como ele responde o SIM e NÃO. Tínhamos um aluno que seu Sim era beijinho e seu Não era mostrando a língua. A partir deste ponto, oportunizar aprendizado para que ele seja entendido e faça suas escolhas. Muitas vezes é um processo longo, às vezes rápido, dependendo da compreensão que este aluno possui, sua idade e intervenções realizadas até o momento. Muitos deles tem compreensão total do que lhe é dito, porém a função que é necessário responder não faz sentido pra ele, e assim, acaba não dando respostas a você, pelo simples motivo...não terem a oportunidade de serem "ouvidas", normalmente as pessoas decidem por eles, respondem por eles.
Tudo vai depender o perfil de seu aluno para iniciar este processo, mas normalmente para verificar seu entendimento e disposição de lhe dar resposta, um bom inicio seria começar com dois objetos reais e solicitar que ele aponte, olhe, pegue (vai depender do comprometimento motor), depois ir avançando com objetos miniatura, fotos, imagens. Bem bacana também é fotos da família, pois através de duas fotos pai e mãe, pedir para que ele aponte, mostre qual é o pai por exemplo. 
Este processo é necessário para a iniciar o processo de Comunicação Alternativa, não adianta nada comprar um software de comunicação e sair usando de qualquer jeito, sendo que o aluno não lhe mostra quando é o Sim ou Não, ou ele não tem a percepção do objeto real, também não terá de figuras.

Depois deste inicio, introduzir aos poucos as imagens, utilizamos o Software Boardmaker, nele há inúmeros recursos de comunicação alternativa como cartões e pranchas de comunicação, o importante é criar com seu aluno estas pranchas para se tornar funcionais.
O ideal que eles possam utilizar não só na escola e sim ter a parceria da família nesse processo.

Para fazer as fichas há dois tamanhos 2,5cm ou 5,1cm
5cm indicado para crianças com pouca visão ou mural da sala ou 2,5
Podem ser primeiro treinadas com de 5cm.

cores
pessoas - amarelo
verbos - verde
descritivos - azul
substantivos - laranja
miscelânea -branco
social - rosa

Facilitadores de comunicação:
Estes símbolos a esclarecer e "consertar" a comunicação. É recomendado usar símbolos como 
"não está nessa prancha"; "sem símbolo"; "repita por favor"; "eu me enganei"; "não compreendo"; "vou soletrar"; "quase"; "você não entendeu"; "fim"; "terminei"

Outro exemplo de prancha:


Como disse, tudo vai depender do perfil do aluno e intervenções realizadas e as que serão planejadas e o mais importante, seja funcional para ele e que consiga a comunicação;


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Paralisia Cerebral e a Tecnologia Assistiva e Comunicação Alternativa.

A comunicação entre os indivíduos está presente em todos os momentos da vida, sendo essencial ao seu desenvolvimento. Contudo, apesar de a linguagem oral ser o meio de comunicação mais utilizado, há pessoas que, devido a fatores neurológicos, físicos, emocionais e cognitivos, se mostram incapazes de se comunicar através da fala.

Tecnologia Assistiva (TA)

Uma forma de resolver com criatividade os problemas funcionais de pessoas com deficiência usando diferentes alternativas para realizar as atividades do cotidiano é através da Tecnologia Assistiva (TA). A TA é uma área do conhecimento que se propõe a promover ou ampliar habilidades em pessoas com privações funcionais, em decorrência de deficiência ou envelhecimento. Recursos que favorecem a comunicação, a adequação postural e mobilidade, o acesso independente ao computador, escrita alternativa, acesso diferenciado ao texto, recursos para cegos, para surdos, órteses e próteses, projetos arquitetônicos para acessibilidade, adaptação de veículos automotores, recursos variados que promovem independência em atividades de vida diária como alimentação, vestuário e higiene, mobiliário e material escolar modificado, são exemplos e modalidades da Tecnologia Assistiva (Bersch, 2005).

Comunicação Alternativa (CA)

Uma forma de garantir a acessibilidade comunicativa a essa população consiste no emprego dos recursos de comunicação alternativa. A Comunicação Alternativa - CA é uma das áreas da TA que atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca então, através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da construção de recursos próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via de expressão.
A comunicação é considerada ampliada quando o indivíduo possui comunicação insuficiente através da fala e /ou escrita (por exemplo, há fala inteligível apenas no núcleo familiar) e, considerada alternativa quando o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação. Um Sistema de Comunicação Alternativa – SCA, refere-se ao recurso, estratégias e técnicas que complementam modos de comunicação existentes ou substituem as habilidades de comunicação inexistentes.
Os Sistemas de Comunicação Alternativa (SCA) podem ser divididos em recursos de baixa (cartões, pranchas,pastas e outros) e de alta tecnologia (pranchas vocálicas, sistemascomputadorizados com síntese de voz e outros) (Nunes, 2003).
Prancha de Comunicação.
Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (desenhos representativos de idéias), letras ou palavras escritas são utilizados pelo usuário da CA para expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos.



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Paralisia Cerebral

O que é Paralisia Cerebral?

Paralisia Cerebral (PC) é um termo geral que engloba manifestações clínicas muito variadas, que têm em comum a dificuldade motora em conseqüência a uma lesão cerebral. 

Para que uma criança com dificuldade motora tenha o diagnóstico de PC, é necessário:
1. Que a lesão neurológica tenha acontecido durante a fase de desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) (fase que vai desde o momento da concepção até os 2 anos de idade).
2. Que a lesão neurológica não seja uma lesão progressiva. A criança vai apresentar mudanças decorrentes de seu crescimento e amadurecimento, mas a lesão em si é estacionária, ou seja, não vai piorar e também não vai desaparecer.


O que causa a Paralisia Cerebral?

Qualquer agressão ao cérebro em desenvolvimento pode causar PC.

Para facilitar a melhor determinação das causas, costuma-se dividi-las em 3 tipos:

  1. Pré-natais: são as lesões que ocorrem antes do nascimento. Algumas doenças da gestante podem comprometer a formação das estruturas neurológicas do feto dentro do útero, como a diabete, a pressão alta e infecções virais como a rubéola e a toxoplasmose, além do uso de certas substâncias pela futura mãe (Ex: álcool, drogas e tabaco).

  2. Peri-natais: são as lesões neurológicas que acontecem no período que vai do começo do trabalho de parto até 6 horas após o nascimento. É um período curto em que o bebê passa por grandes transformações a que tem que se adaptar rapidamente. A prematuridade, o baixo peso, o trabalho de parto muito demorado, entre outras situações, predispõem o sistema nervoso imaturo a não efetuar essa adaptação com a rapidez suficiente, ocorrendo então a lesão.

  3. Pós-nataisdurante a infância, infecções como a meningite, traumas cranianos e tumores podem comprometer o sistema nervoso que ainda está se desenvolvendo. Quando esses problemas agudos são resolvidos, muitas vezes deixam “cicatrizes” que podem comprometer o desenvolvimento normal, levando às alterações clínicas típicas da PC. Após os dois anos de idade, o SNC encontra-se completamente desenvolvido, portanto, o mesmo tipo de agressão ao sistema nervoso após essa idade vai causar sintomas diferentes, não mais definidos como PC.
Quais são os sintomas da Paralisia Cerebral?

As manifestações clínicas da PC são muito variáveis de criança para criança, pois dependem da gravidade e extensão da lesão e da área neurológica comprometida. O denominador comum entre elas é o distúrbio motor.
Além dele, outros sintomas neurológicos podem ou não estar presentes, entre eles: crises convulsivas, dificuldades visuais, dificuldades de fala, problemas para alimentação e função respiratória, deficiência auditiva, deficiência mental, entre outros. A presença desses outros sintomas é muito variável entre os pacientes e pode interferir no desenvolvimento global de cada um.

O que é distúrbio motor?

O SNC engloba os órgãos que comandam nossa função motora, ou seja, nossa capacidade para movimentar nossos braços e pernas, para andar, nos equilibrar, mastigar, engolir, tossir, etc. Quando alguma de suas áreas está comprometida, o movimento não vai acontecer de forma normal: essa alteração é conhecida como distúrbio motor.
As alterações motoras estão sempre presentes na pessoa com paralisia cerebral, variando muito em sua distribuição, tipo e gravidade.  

Quais os tipos de distúrbio motor que se encontram na PC?

As alterações motoras são típicas da área do SNC que foi lesada.

Classifica-se clinicamente a PC de acordo com o tipo de dificuldade motora:

  1. PC espástica: é o tipo mais comum, e ocorre por lesão do córtex motor do cérebro, região que comanda primariamente os movimentos. Nesse tipo, os músculos têm, ao mesmo tempo, a força diminuída e o tônus aumentado, o que se chama espasticidade. Os pacientes apresentam os músculos enrijecidos, sendo difícil fazer o movimento tanto pelo próprio paciente como por outra pessoa. Os músculos mais tensos crescem menos, e por isso, a criança, com o tempo, pode desenvolver encurtamentos musculares, conhecidos como contraturas. O crescimento dos ossos, influenciado pela tensão dos músculos, também pode ser alterado, evoluindo para as deformidades. Além disso, o desenvolvimento motor, a aquisição das atividades motoras como sentar, engatinhar e andar, é atrasado de forma leve, moderada ou grave.

  2.  PC extra-piramidal: acontece por lesão de áreas mais profundas do cérebro conhecidas como núcleos da base ou sistema extra-piramidal responsável pela modulação do movimento, ou seja, pela inibição de movimentos indesejados, Nesse tipo de lesão, o movimento acontece, mas de forma exagerada, sem modulação, gerando o que se define como movimentação involuntária. A criança apresenta movimentos que lembram os de uma marionete, podendo ser muito amplos, ou coreicos, ou mais rápidos e distais, os atetóides; quando esses movimentos mantêm a criança em posturas muito diferentes, assimétricas e fixas, recebe o nome de distonia. Neste tipo clínico, o atraso do desenvolvimento motor também vai acontecer, mas as deformidades ortopédicas e o comprometimento mental são menos comuns. 

  3. PC atáxico: esse tipo clínico de PC é o mais raro. Acontece por lesão do cerebelo, área do SNC responsável pelo equilíbrio e coordenação. As crianças com esse tipo de lesão geralmente apresentam tremores, incoordenação tanto das mãos, como dos membros inferiores e do tronco e, quando andam, não conseguem fazê-lo em linha reta. Nestes pacientes também é raro ocorrerem deformidades, mas as alterações de fala e o comprometimento mental são comuns.
Como se distribui no corpo o distúrbio motor?

Dependendo da distribuição do comprometimento motor, classifica-se a paralisia cerebral em 3 tipos:
  1. Tetraparesia: é o comprometimento global, em que tanto os membros superiores como inferiores estão alterados com a mesma gravidade. Geralmente aqui existe um atraso do desenvolvimento motor importante, e, de forma geral, o potencial de independência, nestas crianças, é bastante limitado.

  2. Diparesia: o comprometimento é mais acentuado nos membros inferiores que nos superiores, ou seja, a função das mãos é mais preservada. Neste caso, a possibilidade de adquirir mais independência é maior.

  3. Hemiparesia: é o comprometimento de um lado do corpo, direito ou esquerdo, dependendo do lado (hemisfério) do cérebro que foi lesado. A grande maioria das crianças hemiparéticas vai ter um bom desenvolvimento global, porém, muitas vezes, a principal dificuldade decorre de problemas de comportamento ou de compreensão.
Como é feito o diagnóstico de PC?

O diagnóstico da PC é clínico, o que quer dizer que o médico chega à conclusão que a criança tem PC através das informações recebidas da família (história) e da avaliação do paciente (exame físico).
Não existe nenhum exame complementar que faça o diagnóstico de PC. Como o próprio nome diz, os exames de laboratório ou de imagem são complementares, e são pedidos pelo médico para ajudar a compreender melhor o quadro clínico de cada criança.